Vamos falar sobre o efeito chamado, Ressonância com o Solo?
Antes de iniciar esta conversa, acho importante ressaltar que helicópteros bem operados, com manutenção adequada e em dia, componentes dinâmicos e mecânicos em perfeita ordem, dificilmente irão produzir eventos de ressonância com solo.
Vamos lá então!
Nem todos os tipos de helicópteros são suscetíveis à ressonância com o solo. Todos aqueles com rotores de duas pás, estão isentos porque seus rotores “oscilantes” são uma única estrutura rígida, como uma gangorra.
Os rotores que podem produzir ressonância de solo são aqueles com três ou mais pás. Estes rotores possuem "rótulas elastoméricas" que possibilitam o movimento de avanço e recuo. Estes, portanto, permitem que as pás aumentem e diminuam a velocidade em diferentes pontos à medida que circundam o mastro, enquanto o helicóptero voa.
Vale lembrar que o rotor completo montado se torna uma única peça e gira em alta velocidade e, neste sentido, deve estar devidamente balanceado, para um voo confortável e, principalmente, para uma operação segura.
Continuando.. se as "rótulas" de avanço e recuo permitirem que as pás se afastem da simetria perfeita, o centro de gravidade do rotor muda ligeiramente para um lado do mastro, desequilibrando todo o sistema.
Qualquer coisa que seja flexível tem uma frequência ideal de vibração, ou seja, sua frequência natural, que é determinada em parte por seu tamanho e massa.
Quando duas coisas com frequências naturais iguais ou semelhantes estão em contato ou, às vezes, apenas perto uma da outra e uma delas começa a vibrar, pode levar a outra a vibrar também.
A capacidade de um objeto vibrante de criar essa vibração simpática em outro é o que permite que as pás do rotor "ganhem o controle de todo o helicóptero."
Desta forma, é correto afirmar que a fuselagem do helicóptero tem sua própria frequência natural, que pode ser motivada por um rotor desequilibrado e produzir vibração. Mas como isso ocorre? Além da questão de manutenção do helicóptero, normalmente, há um evento desencadeador: um solavanco ou uma aterrissagem mais brusca, um pouso em terreno irregular ou inclinado e até movimentos excessivos e anormais no comando cíclico de um helicóptero com rotor articulado quando no solo.
Um movimento brusco no cíclico, por exemplo, move o mastro enquanto as pás, devido a liberdade de movimento permitida pelas rótulas e demais componentes de amortecimento presentes em rotores com mais de uma pá ficam um pouco para trás, então o rotor, agora ligeiramente fora de equilíbrio, começa a oscilar como um "pião em desaceleração". Se a frequência de vibração característica da fuselagem for próxima o suficiente da taxa de rotação do rotor, ela se "junta à dança", amplificando a oscilação do rotor.
A destruição é provocada pela considerável energia armazenada nas pás do rotor. O fenômeno cresce rapidamente em violência, excedendo a força do mastro, suportes da transmissão e trem de pouso. O controle cíclico na cabine se debate tão violentamente que o piloto não consegue segurá-lo, as pás do rotor atingem a cauda ou a cabine, peças começam a cair e, momentos depois, o helicóptero pode ser um monte de sucata.
Então, como evitar e como devo proceder?
Como escrevi acima, um helicóptero com manutenção em dia, componentes em ordem e bem operado dificilmente vai ser a protagonista de um evento de ressonância com o solo!
Mas se a ressonância com o solo começar, temos duas opções:
- Se houver rotação suficiente, ou seja, se o helicóptero estiver a 100%, sair imediatamente para o pairado e procurar uma área mais nivelada e menos rígida para o pouso, lembrando sempre: a ressonância é com o SOLO e se tirarmos o SOLO desta equação, acabou a ressonância!
- Mas e se o helicóptero estiver em marcha lenta? Cortar o motor imediatamente e frear o rotor o mais rápido possível para evitar maiores riscos e danos excessivos ao helicóptero.
Manter suas manutenções em dia, além de manter a sua segurança e garantir voos tranquilos, vai também evitar a Ressonância com o Solo.
Forte abraço e ótimos voos,
Cmte Thales
#safetyabraphe #juntospodemosmais
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