Esta semana cruzei-me com uma ideia nova na newsletter da Ana Vargas Santos (ou pelo menos nova para mim, porque nunca tinha pensado nela): sazonalidade no trabalho.
A Ana cita o Cal Newport, que "sugere que qualquer pessoa que tenha flexibilidade na definição da sua agenda deveria aplicar alguma medida de sazonalidade ao seu trabalho. Na sua perspetiva, a sazonalidade pode ser entendida em diferentes escalas: partes ativas e não ativas durante o dia, dias mais e menos ocupados durante a semana, meses mais e menos agitados durante o ano."
E, no final da introdução da newsletter, pergunta:
"poderá o conceito de sazonalidade, aplicado às rotinas de trabalho, contribuir para uma oscilação mais equilibrada, harmoniosa e sustentável entre geração e renovação de energia?"
Isso faz-me pensar na gestão da energia dos meus dias, semanas, meses e como é que uma espécie de sazonalidade pode ser aplicada ao meu trabalho. Nunca tinha pensado no trabalho dessa forma.
Trabalharmos por conta própria permite-nos o luxo de tomarmos decisões sobre a nossa forma de trabalhar e um dos conselhos que dou sempre sobre a gestão (tanto do tempo como financeira) é pensar o ano globalmente, em vez de pensar mês a mês, ou semana a semana.
A sazonalidade faz-me sentido.
Para mim, anualmente, como, por um lado, trabalho em cultura, e por outro com rótulos de vinho, a sazonalidade é natural — o verão é mais preenchido do que o inverno. Semanalmente, a segunda-feira costuma ser o dia mais cheio, seguida da quarta. Durante o dia, de manhã estou mais ativa, mas o rendimento desce muito a partir das quatro da tarde. Acho que podia pensar mais a sério sobre este assunto.
Entendermos a sazonalidade da nossa área até nos ajuda a gerir melhor os altos e baixos na própria faturação — se entendermos que janeiro é sempre um mês mais fraco e junho um mês mais ocupado, podemos reunir esforços para dispersar os projetos de dezembro ou tentar angariar mais clientes para preencher janeiro ou... tirar férias em janeiro porque se perde pouco.
Além disso, há uma certa poética na sazonalidade. Primavera, Verão, Outono, Inverno. Dia e Noite. Frutas e legumes diferentes, o sol a nascer e a pôr-se. É tão fácil sentirmos que as nossas profissões estão completamente desligadas de tudo o resto, que não há nada que nos prenda. Sabe bem sentirmos que fazemos parte de algo maior.
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