Como vocês estão?
Quando pensei no título dessa newsletter, estava querendo falar sobre uma coisa específica e descobri que havia um documentário com esse título. Não assisti, então talvez minhas reflexões passem ao largo daquelas com a mesma referência :)
Esses dias de quarentena estão proporcionando, a alguns de nós, a abundância da percepção de algo que era raro: tempo. Sei que há um esforço em não romantizar as características desse período, mas acredito que isso não seja de forma alguma romantismo, e sim identificar uma realidade de algo a que estamos sujeitos e poder entender como passar por esse momento dentro de nossas possibilidades.
É curioso que quantidade de tempo absoluta é a mesma, o dia segue tendo suas 24h e esse ano tem só um dia a mais que os outros, que não faria lá tanta diferença. O que mudou foi a nossa percepção dele, cada realidade à sua forma. Quem agora tem filhos em período integral em casa, o tempo pode parecer mais curto do que era. Trabalhar de casa pode parecer fácil em um primeiro momento e desafiador logo em seguida - haja tempo pra lavar tanta louça! Para além do tempo físico, aquele tempo do que se passa dentro da gente: as viagens que estamos fazendo para dentro de si.
De uma dessas viagens percebi o que priorizei nos últimos anos no tempo que tenho disponível todos os dias. Lembrei de uma frase, lida em uma matéria sobre o Antônio Cândido na minha época de faculdade, onde ele falava sobre o tempo. "Tempo não é dinheiro. Tempo é o tecido de nossas vidas". E esse resgate é reviver em nós o que também nos faz humanos, para além do trabalho.
Trabalhar e ser remunerado é importantíssimo e essencial, como estamos vendo com tanta clareza essas últimas semanas. Todo ser humano deve ter direito a ter acesso coisas essenciais para vida, e elas custam dinheiro. Mas trabalho é uma atividade entre tantas outras às quais também devemos dedicar nosso tempo, passando pela arte, lazer, contato com a natureza ou até mesmo o ócio, de onde surgem tantas coisas. Como tem sido a nova relação de vocês com o tempo?
Um abraço virtual com carinho, Ana
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