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O que esperar de Paes?

Deu o óbvio. 

Como já era de se esperar, amanhã, 30 de novembro de 2020, o carioca acordará contando os dias para se livrar de vez de um pesadelo neopentecostal que nunca deveria ter existido. E, como já se comenta por aí, Marcelo Crivella poderá trilhar o rumo natural das subcelebridades: um programa na Record.

Ok, tudo muito bom, tudo muito bem, chapéu de Zé Pelintra na cabeça, mas e agora? O que esperar de Eduardo Paes? 

Em primeiro lugar, é bom deixar claro: o antigo-futuro prefeito volta ao cargo muito mais por causa dos defeitos dos outros do que por suas qualidades: Crivella, a esquerda que não conseguiu se articular e um bolsonarismo já não tão forte quanto em 2018. 

Então, espera-se pelo menos que ele volte ao Piranhão calçando as sandálias da humildade. Apesar de ter ganhado em todas as zonas eleitorais, Paes perderia para a abstenção se ela fosse uma candidata. 

2016-2021

É preciso acompanhar que Paes será o de 2021. Se for o mesmo que deixou o cargo em 2016 será preciso respirar fundo para aturar.

Por mais que tenha a fama de bom gestor, o antigo-futuro prefeito serviu, em oito anos de cargo, muito bem a um sistema que vem explorando os cofres públicos no Rio de Janeiro. 

Não à toa, não podemos esquecer, tem pendências a resolver na Justiça. 

Paes foi o prefeito do BRT. Um BRT com pistas que custaram muito dinheiro, de asfalto esburacado, de estações que não duraram nem os quatro anos que ele levou para voltar. 

Paes foi o prefeito da expansão da Saúde básica, com as Clínicas da Família e afins entregues à praga das Organizações Sociais. 

Paes foi sim - e isso não é choro de Crivella - o prefeito que enxurrou rios de dinheiro no Grupo Globo para poder chamar o jornal da família Marinho de Diário Oficial. 

Quem será então o Paes de 2021? 

Os dois universos

Há dois universos no entorno do prefeito eleito que precisarão conviver. Se isso será possível, ainda é difícil dizer.

De um lado, está toda a gama de alianças da tal velha política que ele traz novamente. Os vereadores clientelistas já estão na cola. Na campanha, teve até abraços para lá de desnecssários, além das fronteiras do município, em Washington Reis, o prefeito de Caxias enrolado até o pescoço, que se mantém no tapetão. 

De outro lado, está aquilo que parece a intenção de trazer um ar de seriedade. No comando do compliance, vem o deputado Marcelo Calero. Se conseguirá atuar para tornar a terceira gestão de Paes mais transparente ou se será apenas uma cota para cumprir tabela é difícil saber. 

Witzel, ao deixar o seu governo mais passível de controle da sociedade, não resistiu a dois anos no cargo. Mostrou inabilidade para conter os deputados clientelistas, e agora aguarda o que chama de lawfare para deixar o Grajaú e voltar ao Palácio Laranjeiras. 

Os secretários

É bom lembrar que independente dos próprios problemas que ainda tem que resolver com a Justiça, Paes também deixou correr soltos casos de corrupção no seu secretariado. 

Foi com ele que Cristiane Brasil comandou a pasta voltada para a terceira idade. E Alexandre Pinto, a pasta de Obras. Ambos passaram pela cadeia. 

Paes é o que temos no momento. 

E sua chegada, como ele mesmo de certa forma admitiu em seu primeiro pronunciamento após a vitória, só é motivo de comemoraçao pela saída de quem saiu. 

Então, agora é preciso ficar de olhos bem abertos para não deixar que sambe na nossa cara.

Se sambar, só se for literalmente. 

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