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Onde os empregos estão voltando

Norte e Nordeste, com menos mortes, abriram mais vagas que em fevereiro

por MARCELO SOARES

As regiões Norte e Nordeste, que desde maio e junho veem quedas no número diário de mortes pela Covid-19, estão começando devagar a recuperar os empregos eliminados nos seus piores meses. 

Em julho, as duas regiões geraram mais novas vagas de carteira assinada do que em fevereiro e março, antes da pandemia: foram 22.664 novas vagas no Nordeste (4 a cada 10 mil habitantes) e 13.297 no Norte (7,6 a cada 10 mil habitantes). Esta análise não leva em conta a qualidade dessas vagas, ou seja, ocupações, horas contratadas e salários.

Ao todo, o Brasil ainda precisa gerar mais de um milhão de empregos formais para que 2020 empate com o ano anterior - e um quarto disso é só no Nordeste. A manutenção de altas taxas de mortalidade e contágio em vários Estados brasileiros não vai ajudar nisso.

Na região Norte, porém, praticamente todos os Estados já têm saldos ou positivos ou baixos saldos negativos no ano, como se pode ver no gráfico acima. É uma região com baixos números de formalização do emprego, então não é difícil recuperar o nível de 2019. Osso mesmo será a recuperação nos Estados do Sudeste, que além de serem muito populosos e terem tido uma grande perda de vagas também continuam passando por altos níveis de contágio e mortes.

No gráfico de dispersão acima, o das bolinhas, quanto mais para a direita estiver a bolinha, mais cresceram as mortes em julho - e, portanto, mais cedo é para reabrir a economia. Muitos desses estados diziam ter vencido a pandemia lá por maio e junho, na pressa de reabrir.

O Rio de Janeiro, mesmo tendo aumentos menores no total de mortes - ou seja, uma queda no número de mortes diário -, foi um dos únicos três Estados que tiveram em julho mais um mês de queda nas vagas formais. Há várias questões estruturais do Rio que influem nisso. 

Para que qualquer otimismo venha a ser possível, é preciso observar com muito cuidado e atenção o que vai acontecer com a gradual retomada das atividades. Seja nos Estados que já reduziram as suas taxas de mortalidade diária, seja nos que estão aumentando.

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