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Remédios "mágicos" promovidos por populistas variam em curiosidade

O mais debatido na imprensa é a cloroquina, mas o mais pesquisado na internet é a ivermectina; do ozônio ninguém quer saber

por MARCELO SOARES

Pensamento mágico acima de todos

Embora o remédio "mágico" mais promovido pelo jair seja a cloroquina, as buscas pela ivermectina têm consistentemente maior volume, noves fora os picos. O ozônio promovido pela prefeitura de Itajaí (SC) causou curiosidade inicial, mas não pegou. Por que será?

O governo federal vai fazer neste sábado um mutirão de distribuição de remédios sem eficácia comprovada no tratamento da Covid, a cloroquina e a ivermectina. Ozônio não, porque nos outros é refresco.

Por que o governo insiste? Há algumas pistas nas memórias do ex-ministro da saúde Luiz Mandetta, publicadas na semana passada (veja mais no Defrag Mental, abaixo). Segundo ele, o inquilino do Alvorada quer tacar remédio goela abaixo do cidadão pra voltar ao trabalho de qualquer jeito. Quem morrer terá sido por fatalidade ou por já ter outras doenças antes.

Numa das conversas relatadas, já no final de sua passagem pelo ministério, Mandetta diz ter argumentado com o Jair que cloroquina tinha efeitos colaterais muito pesados. Ivermectina, um vermífugo que naquele ponto estava começando a se popularizar (começo de abril, veja no gráfico acima), pelo menos, matava os vermes de quem os tivesse. Usa-se no gado, disse Mandetta, justo para quem. Virou mais um motivo de insatisfação do chefe.

Existem padrões regionais na curiosidade por esses medicamentos. O ozônio é mais buscado em Santa Catarina, lógico. A ivermectina, em Mato Grosso. Cloroquina tem padrão quase regular no Brasil inteiro, de tanto que o governo federal propagandeia o seu uso. 

Fenômenos regionais

Mais famosa, a cloroquina aparece em buscas quase com o mesmo interesse em todo o país. A ivermectina causa mais curiosidade no Mato Grosso e no Rio Grande do Norte. Já o ozônio não saiu muito de Santa Catarina, com menos peso nos Estados de fronteira

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Defrag mental
O que estamos lendo, assistindo e ouvindo
A versão de quem esteve na frigideira

Saiu na última sexta-feira o livro com as memórias do ex-ministro Luiz Mandetta, que bem ou mal comandou o combate à Covid nos primeiros meses da doença no Brasil. É escrito a partir de depoimento dado ao baita repórter Walter Nunes - e só a escolha do coautor é um excelente sinal de que o ministro mais fritado pelo Jair estava mesmo disposto a abrir a boca. Desconte 50% do que Mandetta fala de si e uns 5% do que fala dos outros e temos revelações muito interessantes. 

Harold Evans e a talidomida (Netflix)

Morreu na última quinta-feira o Harold Evans, um personagem da história do jornalismo que contava com minha mais alta admiração. No Sunday Times, ele comandou o núcleo de jornalismo investigativo Insight Team, cujo trabalho de maior impacto foi a investigação que baniu a talidomida no mundo inteiro. Essa história está no filme "Attacking the Devil", disponível na Netflix. Em 2009, ele publicou a autobiografia "My Paper Chase", não disponível em português.

"Memórias póstumas de Brás Cubas"

Você conhece desde a adolescência a história de Brás Cubas, que não é um autor defunto e sim um defunto autor. Pode ter lido cedo demais para dar-lhe o devido valor. Mas já tentou ler agora, depois de ter apanhado um pouco da vida? É uma delícia. Como Machado de Assis está em domínio público, há edições para todos os gostos e bolsos. Mas permitam-me indicar esta da Antofágica, pelo talento do rapaz que ilustrou. Esse tal Cândido Portinari ainda vai longe, anotem esse nome.

Cindy Blackman Santana

Baterista. Cantora. Companheira do lendário guitarrista Carlos Santana. E agora, também, autora da versão menos careta que já ouvi de "Imagine", de John Lennon. Cindy Blackman acaba de lançar seu quinto disco, "Give the Drummer Some" ("dê uma chance à baterista"). Vários guitarristas convidados. Marido é covardia: está em oito faixas. Mas temos três com Vernon Reid (Living Colour), duas com John McLaughlin (ex-Miles Davis) e uma com Kirk Hamett (Metallica).

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