#14 · 31 de Janeiro de 2023
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REFLECTIR
Um aperitivo de ideias, leituras, inovações e tendências para te manteres a par dos temas e discussões mais importantes.
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A soja tem problemas, mas não tem culpas |
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Contar histórias faz parte da natureza humana. Está nas mais primitivas formas de comunicação da nossa espécie, muito antes de dominarmos a linguagem e as tecnologias que hoje têm o potencial de amplificar qualquer mensagem que queiramos passar.
Evoluímos com essa capacidade de esculpir narrativas de acordo com os nossos gostos e interesses. Infelizmente, nem sempre o fazemos com as melhores intenções. A alimentação e as alterações climáticas são dois campos minados por narrativas enganadoras, que subvertem prioridades e criam (ou perpetuam) forças de bloqueio a uma transformação mais rápida e profunda.
Vamos a exemplos?
- O lóbi dos fertilizantes sintéticos persiste na ideia de que os seus produtos são a única solução para a insegurança alimentar, ao mesmo tempo que a guerra na Ucrânia expôs a fragilidade do sistema alimentar (em particular a dependência desses agroquímicos) e trouxe efeitos colaterais que ainda se sentem muito para lá dos territórios debaixo de fogo. Por muito que possam representar um penso rápido a curto prazo, está provado que a longo prazo o desmame progressivo dos fertilizantes sintéticos é o único caminho que defende realmente a sustentabilidade do sistema alimentar.
- Outro caso singular é o da abordagem climate smart farming, que é frequentemente composta por doses iguais de melhorias de eficiência (utilização de água, por exemplo) e de greenwashing (ou seja, manter as práticas de sempre mas mudar-lhes o nome para soar mais sustentável). O difícil aqui é separar o trigo do joio, até mesmo para os mais atentos ao tema.
- Os grandes produtores de gado têm vibrado (incluindo em Portugal) com as inúmeras experiências de tentativa de redução das emissões de metano, que vão desde máscaras a aditivos na ração (empresas como a Danone estão all-in nestas ideias). É outro penso rápido com o objectivo de não só adiar o que já é óbvio (temos de reduzir o consumo de carne e lacticínios) mas de aumentar e intensificar ainda mais a actividade pecuária. E há muitas razões para questionar caminhos como o dos aditivos na ração.
- A aposta nas energias renováveis implica a exploração de grandes quantidades de minerais para fabricar baterias e outros componentes essenciais para sustentar estas tecnologias. Até aqui tudo verdade. A mentira começa quando se diz (olá, senhores dos combustíveis fósseis) que se é para fazer isto mais vale manter tudo como está e usar aquilo que já conhecemos: carvão, gás e petróleo. Mesmo ignorando as nove milhões de mortes anuais associadas à poluição que resulta da queima de combustíveis fósseis, é hoje evidente que as fontes de energia baixas em carbono requerem volumes de mineração centenas (até milhares) de vezes inferiores aos dos combustíveis fósseis.
- Se por um lado é claro que todos contribuímos para as alterações climáticas, também é sabido que essa contribuição tem uma distribuição bastante desequilibrada: os 1% mais ricos são responsáveis pelo dobro das emissões dos 50% mais pobres. Convém fazermos tudo ao nosso alcance para reduzir a nossa própria pegada, mas olhando para as coisas desta forma, há uma conclusão inegável: é importante votarmos com o nosso dinheiro (quando compramos algum produto ou serviço) e ainda mais importante votar nas eleições – que definem quem dá forma às leis e políticas que regem o funcionamento das nossas sociedades.
Nesta edição da 'Semente' queremos trazer-te um outro caso paradigmático do poder que as narrativas têm para modelar a nossa percepção da realidade: a soja.
Não será exagero dizer que é a leguminosa mais incompreendida do planeta. Embora seja familiar do feijão, do grão-de-bico, do tremoço ou das lentilhas, não goza da mesma reputação dos seus pares – que, flatulência à parte, só recebem louvores. Como é que chegámos aqui? O que é que fez da soja um dos maiores inimigos públicos na alimentação?
Vamos à procura de respostas.
Esta viagem tem de começar na desflorestação. A par do óleo de palma (outro vilão), a soja ganhou fama de ser responsável pelo abate de florestas, incluindo partes da Amazónia. A produção desta leguminosa cresceu quase 600% nos últimos 50 anos – hoje está acima dos 350 milhões de toneladas por ano, o que poderia explicar essa reputação.
Parte deste crescimento foi sustentado por aumentos na produtividade (+1300%) da cultura em si, mas outra fatia corresponde de facto a uma expansão das áreas cultivadas (+400%). Hoje em dia, dois países produzem 69% de toda a soja do mundo: Estados Unidos da América e Brasil. Se juntarmos a Argentina a este bolo, o número sobe para 80%.
Há várias formas de olhar para a questão da desflorestação. É importante explicar que a produção de culturas de valor comercial como a soja está longe de ser a principal razão (directa) para o ataque à floresta amazónica. O troféu vai para as pastagens dedicadas à criação de gado, essas sim a maior causa de desflorestação na região. O que não quer dizer que o impacto da produção de soja não seja substancial, em particular noutras zonas do Brasil e até noutras partes do mundo.
Em regiões como Mato Grosso, a soja está a substituir pastagens, que por sua vez podem estar a mudar-se para zonas onde o abate florestal ainda está a acontecer para abrir caminho à exploração animal. Ou seja, é uma relação muito mais complexa do que aquilo que parece à primeira vista.
O projecto MapBiomas faz um trabalho incrível de mapeamento e monitorização das transformações na cobertura e no uso da terra no Brasil. Não há em mais nenhuma parte do mundo uma ferramenta tão completa, ainda por cima disponível de forma pública e gratuita. O seu mais recente relatório apresenta uma série de conclusões relevantes:
- entre 1985 e 2021, 13,1% da vegetação nativa do Brasil foi destruída para ser ocupada pela agropecuária;
- a agropecuária corresponde a 1/3 de toda a área alterada por acção humana no Brasil;
- as áreas agrícolas cresceram 228% desde 1985 e hoje representam 7,4% de todo o território brasileiro.
Apontando a lupa, o MapBiomas conclui que a soja ocupa 4,3% do país, numa área equivalente a toda a República do Congo e superior a países como Itália, Vietname ou Malásia. A expansão da soja é especialmente preocupante no Cerrado, a savana mais rica do mundo em biodiversidade, onde já conquistou 10% da área total.
A partir daqui é fácil concluir que há um problema real com a produção de soja. Mas antes de culpar o crescente interesse em bebidas ou iogurtes de soja, em tofu ou tempeh, ou até nos tradicionais miso e molho de soja, convém olhar para o destino da produção desta leguminosa.
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Ora, mais de três quartos (77%) de toda a soja produzida no mundo é encaminhada para alimentação animal. E dentro desta categoria destaca-se a produção de aves (37% do total), seguida da alimentação de porcos (20,2%). Apenas um em cada cinco quilos de soja segue directamente para consumo humano – e mais de metade disso é em óleo vegetal.
Antes que o preconceito possa levar-te a questionar a transferibilidade destes números para o contexto europeu, importa perceber que 88% de toda a produção de soja na União Europeia é destinada à alimentação animal. Além disso, há provas de uma ligação directa entre desflorestação ilegal na Amazónia e no Cerrado e importação de carne bovina e soja na UE. A legislação europeia aprovada em Dezembro no âmbito do Pacto Ecológico visa combater esta realidade – resta ver como será aplicada e fiscalizada.
A soja que há em nós
No limite, o problema não está na soja em si mas sim nos nossos padrões alimentares, que incentivam à sua produção em larga escala. A soja está, de facto, em muito daquilo que comemos no dia-a-dia. Os números de um estudo recente encomendado pela WWF são esclarecedores: em média, um cidadão da União Europeia (+ Reino Unido) ingere 54,9 kg de soja por ano como consequência do consumo de produtos de origem animal (carne, lacticínios, ovos e peixe de aquacultura). A somar a isso são 3,5 kg de consumo directo de soja e de óleo de soja, enquanto a utilização de óleo de soja para biodiesel corresponde a 2,3 kg per capita. Feitas as contas, são 60,6 kg de soja por pessoa/ano.
Podemos reduzir estes números a uma dimensão mais simples e fácil de compreender: em 100 g de peito de frango que chegam ao teu prato foram usados 96 g de soja em ração ao longo do ciclo de vida do animal – mais ou menos o mesmo que em 100 g de salmão(95 g de soja).
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A soja é de longe a fonte de proteína mais eficiente de produzir, daí a sua utilização tão intensiva na alimentação animal – que, de resto, peca pela sua grande ineficiência. Rende 314% mais proteína por hectare do que a mais eficiente (ou menos ineficiente) fonte de proteína de origem animal (frango). Ou seja, a soja necessita de muito menos recursos – e menos área – para produzir a mesma quantidade de alimento.
Caso a pergunta ainda não esteja a ecoar na tua cabeça, aqui fica: perante esta realidade, porque é que estamos a consumir proteína em segunda mão, quando podíamos ir directamente à fonte? Seria uma forma de aliviar a pressão ambiental da nossa alimentação e, claro, poupar a vida dos animais sacrificados para esse efeito.
Convém ressalvar que boa parte da soja produzida nas Américas é geneticamente modificada, com o propósito de ser tolerante à aplicação de glifosato, o herbicida que também em Portugal tem suscitado muitas preocupações. E é essencialmente esta soja que a União Europeia importa para as suas rações, uma vez que a sua produção própria só satisfaz 8% das necessidades internas.
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A propósito: a produção de soja na União Europeia está altamente regulada, e não é permitida a utilização de culturas geneticamente modificadas. Na União Europeia só existe um OGM autorizado para cultivo – o milho MON810 – cultivado em Portugal e Espanha. Apesar de autorizado, a maioria dos Estados-Membros proibiu o seu cultivo.
Ou seja, quando consomes produtos à base de soja europeia, tens a garantia de que não são geneticamente modificados.
Assim sendo, podemos ilibar a soja em si, enquanto cultura, de culpas no cartório. E isto sem considerar a sua capacidade de fixar azoto no solo, da qual já falámos numa newsletter anterior, e que lhe reconhece (a par das outras leguminosas) um papel importante num sistema agrícola mais sustentável.
Arrumado o debate agrícola e ambiental, podemos seguir para outra parte igualmente interessante da discussão: saúde e nutrição.
A soja faz crescer as mamas aos homens?
O mito nasceu muito provavelmente com um artigo da "Men's Health" publicado em 2009 nos EUA (e entretanto removido do site). Nele um antigo oficial do exército americano alegava que tinha ficado com o peito inchado e dorido ao começar a consumir leite de soja. James Price queixava-se ainda de perda de pêlo e desequilíbrio emocional. Seria a soja a razão para isso tudo estar a acontecer?
"Não é suposto os homens terem mamas. Foi como se o meu corpo estivesse a feminizar-se", explicou Price na altura, citando ainda outras consequências: deixou de ter erecções matinais e de uma forma geral perdeu o desejo sexual.
Consultou vários médicos, que o submeteram a inúmeros testes sem chegar a qualquer conclusão. Até que um deles lhe perguntou detalhadamente o que comia ao longo do dia. Veio aí a revelação: Price bebia cerca de 3 litros de leite de soja por dia.
O senso comum diz-nos que ingerir diariamente três litros de qualquer bebida (que não água) é bastante provável de trazer algum tipo de consequência, por isso não é surpreendente que o corpo do antigo militar tenha reagido de alguma forma.
Mas o que explica concretamente o crescimento do tecido mamário?
A soja contém isoflavonas (ou isoflavonóides), que são consideradas fitoestrogénios (estrogénios das plantas). Estes compostos têm uma acção idêntica à dos estrogénios presente no nosso organismo, mas na verdade tem um baixo efeito estrogénico – e acabam inclusive por ter o impacto inverso (reduzem a acção do estrogénio endógeno). Um estudo recente confirmou, aliás, a inexistência de efeitos adversos das isoflavonas na função da tiróide, nos níveis de estrogénio, na ovulação e na produção de sémen.
Com níveis normais de consumo, a soja traz-nos uma série de benefícios associados às propriedades antiestrogénicas, anti-inflamatórias e antioxidantes das tais isoflavonas. E o que são níveis normais? Qualquer coisa entre 3 a 5 porções diárias é considerada segura (1 porção = 1 copo de bebida de soja ou 1/2 chávena de tofu).
A nutricionista Sandra Gomes Silva tem um longo artigo no seu site onde desconstrói muitos dos mitos ou controvérsias associados ao consumo de soja. Também explica em detalhe os benefícios da inclusão de alimentos à base desta leguminosa na alimentação, até na prevenção de determinadas doenças. Vale a pena a leitura – para esclarecer todas as dúvidas que ainda possas ter quanto a este tema.
De resto, do ponto de vista nutricional, a soja é um alimento que combina uma grande quantidade e qualidade de proteína, uma vez que contém todos os aminoácidos essenciais. Ao mesmo tempo, e por comparação com outras leguminosas, tem um teor elevado de gordura (sobretudo poliinsaturada e monosaturada, as chamadas 'gorduras boas') e um teor reduzido de hidratos de carbono.
Será que andamos a alimentar os motores errados?
Com tanto potencial para contribuir positivamente para a nutrição humana, é inevitável questionar não só a opção de transformar animais em fábricas de processamento de soja, mas também a utilização de culturas como esta para alimentar motores (biodiesel) em vez do corpo humano.
As razões ambientais para questionar esta escolha multiplicam-se, com o Parlamento Europeu a votar a proibição do óleo de soja enquanto matéria-prima para a produção de biodiesel, – uma medida que ainda está a ser negociada entre Estados-Membros. Por enquanto, o abandono do biodiesel à base de soja (e de óleo de palma) está previsto para 2030.
A equação da produção e utilização da soja é complexa de resolver. No entanto, fica claro que o problema de reputação não vem do consumo humano directo – de vegetarianos ou não-vegetarianos que incluem produtos à base de soja na sua alimentação. Seja em bebida de soja ou iogurte, tofu ou tempeh, miso, shoyu ou tamari, ou mesmo até através do mais misterioso nato, podes saborear soja à vontade.
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Aqui está uma óptima análise ao impacto da inflação no sector agroalimentar, pegando num dos exemplos mais evidentes da subida dos custos com a nossa alimentação: o humilde arroz carolino. O problema começa na compra da semente e vai até aos custos de processamento e transporte. Ao mesmo tempo, o artigo explica também porque é que o preço de outros tipos de arroz – como o agulha – não subiu assim tanto.
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A RTP continua a fazer um trabalho bastante interessante de disponibilizar documentários sobre alimentação e sustentabilidade. Muitos são importados, em particular de França e dos EUA, mas não deixam de reflectir uma realidade que tem muitos pontos de contacto com a nossa.
O mais recente fala de hipermercados e do seu aparente declínio, provocado pelas mudanças nas dinâmicas de consumo (compras online, percepção de impactos ecológicos destas grandes superfícies, etc.). À partida é uma perspectiva que não deixa de contrastar com a percepção, o debate e a nova lei que temos em Portugal, mas com o decorrer do filme percebe-se que há de facto uma luta pela sobrevivência no sector – cuja transparência é cada vez mais questionável.
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Esta grande investigação conjunta do "Guardian", do "Die Zeit" e da "SourceMaterial" expõe a realidade perversa que mancha o mercado dos créditos de carbono: mais de 90% das compensações voluntárias certificadas pela Verra – a maior entidade do sector – são inúteis e podem inclusive estar a prejudicar o combate às alterações climáticas.
Estes esquemas de compensação são utilizados por muitas das principais multinacionais para anular as elevadas emissões de carbono das suas operações. Em muitos casos, há empresas que já alegam ser "neutras em carbono" (ou pelo menos ter produtos neutros em carbono), com base nesta ideia de que os créditos pagos para financiar projectos de mitigação compensam os danos originalmente causados pela sua actividade. Entre as entidades envolvidas nos projectos da Verra estão a Shell, a easyJet, a Salesforce, a Gucci e a banda de rock Pearl Jam.
Ainda no "Guardian" podes ler a opinião de três cientistas sobre as compensações de carbono. Pista: na sua estrutura actual, podem ser de facto mais prejudiciais do que vantajosos.
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Se a desflorestação da Amazónia é um tema que te interessa em particular, deixamos aqui duas sugestões:
- Um documentário recente da National Geographic (apenas disponível no Disney+) sobre o povo indígena Uru-eu-wau-wau e a sua luta para manter a floresta. Aqui vais ter acesso à visão dos indígenas, mas também de uma activista ambiental que tenta ajudar este e outros povos e da perspectiva dos invasores. E é precisamente esta abordagem que diferencia este documentário dos outros: ao mostrarem o ponto de vista dos grileiros ("pessoa que tenta obter a posse de terras com documentos falsos", explicação do dicionário Priberam), ficamos a perceber parte do problema da desflorestação.
- A outra parte é explicada no podcast brasileiro "Amazônia Sem Lei", em que uma equipa de investigação tenta perceber o que tem vindo a passar-se ao longo dos anos na Amazónia (e noutras regiões altamente biodiversas) e porque é que a justiça não consegue travar esta destruição e apropriação de terras. Spoiler alert: envolve esquemas fraudulentos, droga, madeira ilegal e produção de gado – muita produção de gado.
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Sempre que levamos um alimento à boca, aquilo que sentimos não é o seu sabor puro, mas sim uma mistura desse sabor com a nossa própria saliva. Este artigo desvenda mais sobre a ciência por trás de algo que tem tanto de mundano como de fascinante – e de como a saliva altera a experiência daquilo que comemos.
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Sabemos que muita da informação que partilhamos aqui tem uma carga negativa, pesada, porque na verdade estamos a falar de grandes problemas e desafios que precisam da nossa atenção. Por isso deixamos-te aqui uma ponta de humor, com este vídeo do The Daily Show que ridiculariza um anúncio nos EUA a promover os combustíveis fósseis.
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PRATICAR
Dicas para uma vida mais consciente, saudável e sustentável, com especial atenção para a alimentação.
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Qual é o impacto ambiental do mundo digital?
Esta newsletter foi escrita num computador, alimentado a electricidade fornecida pela rede portuguesa e com uma ligação à internet em vários locais diferentes. O email foi enviado a todos os nossos prezados subscritores, como tu, através de um serviço via cloud. É bastante provável que estejas a ler-nos num computador, telemóvel ou tablet. Se guardares esta newsletter na tua caixa de email, vai ocupar um (minúsculo) espaço num servidor, que por sua vez precisa de energia para ser mantido em funcionamento – além de todos os recursos que foram originalmente necessários ao seu fabrico.
Onde queremos chegar com isto? Tendemos a olhar para o digital como um mundo livre de impactos, por comparação com áreas da nossa vida com consequências mais evidentes. Ou seja, é óbvio para todos que andar de carro polui, mas não tanto que ver uma série na Netflix, jogar PlayStation ou até ler notícias online possam contribuir significativamente para a nossa pegada.
O workshop Mural do Digital (The Digital Collage, em inglês) serve para te ajudar a compreender de uma forma lúdica, em equipa, os desafios ambientais das tecnologias digitais. A partir daí podemos reflectir em conjunto sobre as soluções-chave para adoptarmos práticas mais sustentáveis no nosso dia-a-dia digital.
As próximas datas para este workshop são 1 de Fevereiro (já amanhã!), 15 de Março e 19 de Abril, na Maria Granel, em Campo de Ourique (Lisboa). Podes ainda participar online, à distância, nos dias 5 de Fevereiro, 19 de Fevereiro e 5 de Março.
A par deste workshop podes ainda inscrever-te no Mural do Clima (datas disponíveis: 15 de Fevereiro, 1 de Março, 22 de Março e 12 de Abril) e no 2tonnes (8 de Fevereiro, 22 de Fevereiro, 8 de Março, 5 de Abril e 26 de Abril). O primeiro ajuda-te a compreender melhor as alterações climáticas e as relações causa-efeito que estão por trás deste fenómeno; no segundo vais simular um cenário de transição para ver como chegamos a uma sociedade neutra em carbono em 2050, limitando a subida da temperatura da Terra a 1.5ºC. Aconselhamos-te vivamente a fazer os dois, começando pelo Mural do Clima e passando depois ao 2tonnes.
Estes workshops são promovidos pela associação ambiental Transitar, que connosco e com a Maria Granel está a trazer esta série de workshops regulares para Lisboa e também online (em português).
A inscrição é obrigatória para qualquer dos três workshops e tem um custo simbólico, para suportar os custos e o trabalho (voluntário) da associação.
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Se quiseres levar estes workshops à tua empresa ou organização podes entrar em contacto connosco ou responder directamente a este email, manifestando o teu interesse.
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SABOREAR
Projectos, restaurantes, marcas e outras recomendações com o selo de confiança Kitchen Dates.
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Ao falar dos workshops sobre o clima já falámos inúmeras vezes da Maria Granel, mas nunca explicámos nada em detalhe sobre este projecto. Talvez por ser tão conhecida na nossa mini-bolha, achámos que seria demasiado óbvio. Mas uma das coisas que temos aprendido com o nosso trabalho é que muitas vezes assumimos como certas ideias que nem sempre correspondem à realidade. Por isso aqui vai.
A Maria Granel é antes de mais uma mercearia biológica a granel, que se desdobra como loja zero desperdício e de acessórios livre de plástico. Começou em 2015, com uma loja em Alvalade, pela mão da Eunice e do Eduardo. Desde então tem feito um trabalho notável de promoção de um consumo mais consciente e sustentável, criando uma comunidade de seguidores e fãs que se tornaram verdadeiros embaixadores deste estilo de vida – muito para lá das paredes físicas da Maria Granel. Em 2018 abriram uma segunda loja, em Campo de Ourique (onde estamos a organizar os workshops), e têm também uma loja online – com envios para todo o país.
Temos um carinho enorme pela Eunice, e uma admiração pelo dinamismo e pela generosidade que tem demonstrado ao longo dos anos – tanto directamente connosco como naquilo que vamos vendo com outras pessoas e outros projectos.
Foi na Maria Granel que anunciámos a abertura do nosso espaço, em 2019, um dia que nos ficará sempre gravado na memória, tal como esta foto desse dia, com a Eunice (e a Maria) a rir à gargalhada.
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Se ainda não visitaste uma das lojas, que isto sirva de incentivo para o fazeres pela primeira vez.
Alvalade: Rua José Duro 22B, 1700-261 Lisboa Campo de Ourique: Rua Coelho da Rocha, 1250-087 Lisboa seg-sex, 10-19h30; sáb, 10-19h
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Por falar em pessoas cujo trabalho admiramos, há mais uma que ainda não mencionámos aqui. O melhor pão de Lisboa nasce da mente e das mãos do Paulo Martins – e, claro, da equipa que trabalha com ele na Massa Mãe, uma padaria artesanal em São Domingos de Benfica, de olhos postos em Monsanto.
O Paulo é a pessoa com quem mais discutimos ideias e até aspectos filosóficos relacionados com o cultivo de cereais, a produção de pão, o negócio e o consumo deste alimento. Mais do que um simples padeiro, tem até feito experiências para produzir o seu próprio trigo barbela na Arrábida, o que só mostra uma visão que vai muito para lá do acto de fazer pão.
Falando dos produtos em si, destacamos o pão de aveia (à base de trigo, com uma papa de aveia que é adicionada à massa), as focaccias e as várias broas. Recentemente também ficámos fãs do multicereais (com trigo, centeio, milho amarelo tostado e malte de cevada). Qualquer que seja a tua preferência fica uma sugestão: reserva com antecedência para teres a certeza de que há pão à tua espera. Já nos aconteceu mais do que uma vez chegar à loja e sair de mãos a abanar – e ninguém merece que isso aconteça!
Rua Conde Almoster 92A, 1500-197 Lisboa ter-sex, 8h30-13h; 13h30-19h; sáb-dom 8h30-13h
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