Olá, , bom dia!
Esteira de turbulência.
Eu já escrevi
antes sobre este mesmo tópico em outras edições, mas ao assistir
ao vídeo que está servindo de tema para este texto, achei ser
válido fazer um relato pessoal sobre uma situação que é bastante
normal para todos os colegas que operam em áreas próximas à
aeroportos ou, mais ainda, para àqueles colegas que operam na área
do quadrilátero central em São Paulo - capital.
Então vamos lá.
Eu estava vindo
de um voo proveniente do litoral norte de São Paulo, mantinha o rumo
do paraíso para o cruzamento do prolongamento de aproximação para
a RWY 17 do aeroporto de Congonhas e com pouso previsto no central 3.
Quando chamei a frequência do controle de helicópteros, fui
instruído a aguardar sobre a posição obelisco, pois havia um
tráfego em aproximação final para pouso. Realizei uns "dois
360's " e, na sequência, o controle me solicitou que observasse
a passagem de um outro tráfego que também estava em aproximação
e, para ingressar de forma rápida para o pouso pois, já havia mais
tráfegos na "fila".
Quem voa
helicópteros em São Paulo sabe que esse tipo de situação ocorre o
tempo todo...
Pois bem, iniciei
o cruzamento logo à retaguarda de um Airbus A320 em aproximação.
No momento em que eu iniciava o cruzamento, mantendo 500 pés, fui
surpreendido com uma forte pancada.
Para vocês terem
uma ideia da severidade da pancada, eu até achei que pudesse ter
danificado a estrutura da aeronave. O passageiro, que estava a bordo,
se assustou bastante. Realizei então uma breve checagem da atuação
dos comandos e, como estavam normais, pousei no nosso heliponto de
destino. Cortei os motores e desci para dar uma olhada nas pás do
rotor principal, cauda e superfícies aerodinâmicas, nada de
diferente foi encontrado. Nova partida e decolagem com rumo da nossa
base.
Algumas semanas
após este ocorrido, o nosso helicóptero entrou para uma manutenção.
Durante a verificação dos itens desta manutenção, foi constatado
que um parafuso de titânio, que é o responsável pela ligação das
hastes de comando que saem da fuselagem do helicóptero para a
unidade de atuadores do rotor principal, estava marcado e que suas
buchas de fixação haviam sido "ovaladas" ...
Se de fato foi a
pancada gerada pela esteira de turbulência do A320 ou não o
causador da discrepância encontrada, não há como sabermos, mas
fato é que, a Airbus Helicopters informou à época que este havia
sido o primeiro caso de substituição deste parafuso e buchas no
mundo.
Em resumo, vale a
pena ficar atento a este tipo de fenômeno e mais, vale muito a pena,
se for o caso, cruzar um pouco mais alto em relação ao tráfego com
potencial de gerar a esteira de turbulência e que possa vir a te
causar problemas.
Bons e seguros
voos pra você!
Cmte. Thales.
presidente@abraphe.org.br
#safetyabraphe194
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