Meio por cento não parece um número muito grande; trata-se de um a cada 200 idosos perdidos para a pandemia. Isso dá algo como cento e dois mil lutos de Covid e 40 mil de SRAG. Mas o Brasil é um país muito diverso, e a pandemia teve impactos diferentes em lugares diferentes. Por isso, fomos ver como isso variou entre os Estados.
Como em tudo na Covid, o pior impacto ocorreu no Norte do país, especialmente em Roraima - lá, a população idosa foi reduzida em 1,5% pela Covid e pela SRAG de causa não especificada (suspeita de Covid). Isso é o triplo da média nacional. No Amazonas, onde as cenas de Manaus chocaram o Brasil em abril e maio, a fatia de idosos mortos pela pandemia equivale ao dobro da média nacional.
Isso tem implicações ainda maiores, se formos considerar a composição da renda das famílias. Ana Amélia Camarano, a fonte do dado publicado por Ancelmo Gois, escreveu um estudo em julho estimando qual seria o impacto da morte de idosos no empobrecimento de famílias. Concluiu: "se morre um idoso, uma família entra na pobreza".
Usando dados da PNAD Contínua, o estudo de Camarano mostra em 18,1% dos domicílios a renda do idoso é a única da família. Em outros 20,6% dos lares, mais de metade da renda dependia de um idoso.
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