O post que fiz não tem nada de controverso, até porque ninguém iria para os comentários dizer que não paga impostos, não é, mas fiquei a pensar nisto:
Publicar opiniões parece retirar-nos o direito a errar.
É que erramos, tenho a certeza.
Quer dizer, não acho que algum dia vá decidir que quero viver em economia paralela e, sistematicamente, não declarar rendimentos. Tenho a certeza disso também. Mas, pontualmente, já fiz um ou outro trabalho que devia ter sido lidado de outra forma. Não acho que isso faça de mim hipócrita, só realista.
O José Cid dizia "coerente era a minha avó". Na era de ativismo de instagram, perseguir a coerência é correr atrás da cauda. Há valores basilares que não mudam, claro, mas o que sentimos e o que sabemos acerca de um assunto é maleável, vai ganhando forma com informação nova, com o tempo, com a idade. E quem tem telhados de vidro não atira pedras ao do vizinho.
Com os planos de me aventurar no YouTube, tenho estado ainda mais consciente de que, aquilo que torno público vai ficar para sempre. Estou a exagerar?
Depois de partilhada online, uma opinião fica vinculada a nós para sempre. Podem passar 2, 5 ou 10 anos. Depois de dizermos online, parece obrigatório que o que fazemos é, sempre, em linha com o que dissemos.
Faz algum sentido, eu sei. Porque é que vamos estar a manifestar opiniões sobre as quais não agimos? É a definição de hipocrisia.
Mas repito, ninguém é tão coerente assim.
As redes sociais são um lugar estranho e permanente. Fico tão contente por não existirem quando eu era criança e adolescente. Só havia o hi5. Não consigo imaginar o que é ter uma pegada digital da mesma idade do que eu.
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