No primeiro mês de isolamento social um sentimento constante em minha vida foi o de saudade, mas não a saudade de algo ou alguém próximo, e sim de coisas muito distantes de mim no tempo: eu sentia nostalgia. Lembrava da minha infância com meus avós no sítio onde moravam, de eu amassando pão de queijo com minha avó, do meu avô preparando cuscuz no vapor de manhã e de vez em quando me trazendo um pedacinho de chocolate aerado de presente da ida ao mercado, que ficava do outro lado da rodovia.

Essas memórias são lindas e cheias de significado pra mim, mas elas provavelmente não são absolutamente fiéis ao que realmente aconteceu naquele período. Não por um motivo ruim, mas porque aparentemente nossas memórias são reconstruídas e ressignificadas à luz do momento presente. Lembrar das coisas específicas que recordei com carinho naquelas primeiras semanas diz muito sobre o momento que eu estou vivendo agora, de me reconectar comigo mesma, reavaliar as decisões que havia tomado até então em minha vida e algumas mudanças pontuais de rumo que decidi tomar. 

Da mesma forma, as memórias que construímos agora também serão lembradas de formas diversas daqui alguns anos ou até mesmo décadas. Ouvindo esse podcast descobri uma pesquisa onde pessoas que viveram durante a Segunda Guerra Mundial relatavam sentir nostalgia quando relembravam esse período. Foi um momento obviamente muito difícil, mas ao mesmo tempo de profundo significado a todos os afetados: os laços familiares e de solidariedade foram reforçados durante as dificuldades pelas quais eles passaram.

Quando eu era criança obviamente não estava tão consciente do momento presente e de sua impermanência, mas hoje já é possível me dar conta com mais facilidade de pessoas, ideais e relações as quais gostaria de fortalecer e aprofundar à luz do que estou vivenciando durante essa pandemia. Se olhar novamente para o passado nos traz novos significados para o presente, o que pode nos proporcionar o olhar carinhoso e sereno ao momento presente?

Com carinho,
Ana


Sentir raiva faz parte da vida
(transformá-la, também)


Falar de nostalgia é bonito, mas acho que foi difícil não sentir raiva nos últimos meses - apesar de ser um sentimento muito familiar a todos nós em todos os tempos, podemos dizer que as coisas ficaram mais intensas desde que nos isolamos. Pode ser pela convivência com familiares muito diferentes de nós ou pela sensação de sermos expectadores de coisas muito desastrosas acontecendo por todos os lados.

A raiva em mim tem sintomas muito ruins, principalmente relacionados à ansiedade e má digestão, que já é difícil por natureza. Pensando nisso comecei a ler o livro Aprendendo a lidar com a raiva, de Ticht Nhat Hanh. Pra quem tem sentido algo parecido nesse momento, recomendo muito a leitura! Trago um trechinho dele aqui:

"Se sua casa está pegando fogo, a coisa mais urgente a fazer é voltar e tentar apagar o fogo, não correr atrás da pessoa que você acredita ser o incendiário. Se você correr atrás da pessoa que você suspeita ter queimado sua casa, ela queimará enquanto você a persegue. Isso não é sábio. Você deve voltar e apagar o fogo. Então, quando você está com raiva, se você continuar a interagir ou discutir com a outra pessoa, se você tentar puni-la, estará agindo exatamente como alguém que corre atrás do incendiário enquanto tudo fica em chamas."

(Ticht Nhat Hanh. Anger: Wisdom for Cooling the Flames, p. 24)
A imagem é uma caligrafia do autor.

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